movimento estudantil

Contribuição: Lugar de mulher é na política!

11/09/2009 13:11

    Na sociedade capitalista, o trabalho de reprodução e manutenção da vida são atividades socialmente vistas como “atividades femininas” (limpeza e cuidado da casa e dos filhos, cuidado com os doentes, etc.). É dessa maneira que a divisão sexual do trabalho coloca essas características como “dons naturais” das mulheres e, portanto, não precisam ser pagos pelos patrões ou pelo Estado. No mercado de trabalho as mulheres assumem funções ligadas a essas características naturais, como profissões ligadas ao cuidado ou extensões do trabalho doméstico. Para nós, mulheres, a dupla – ou mesmo tripla – jornada de trabalho tornou-se parte da nossa rotina. A opressão que recai sobre as mulheres, negros e negras e LGTTBs são fundamentais para a continuidade do sistema capitalista, o qual se apropria da maior vulnerabilidade destes grupos para ampliar seu grau de exploração. Não é a toa que estes grupos formam a grande maioria d@s trabalhador@s informais e d@s demitid@s após o início da crise.  É por isso que afirmamos que o combate às opressões não pode estar indissociável da luta contra o capital.

     Este “ser mulher”, na verdade, não passa de uma construção social baseada em uma educação sexista e opressora que impõe uma dupla moral para meninos e meninas e que será reproduzida e cobrada por toda a vida. Além deste, existem outros mecanismos de controle do comportamento feminino. São eles: a Igreja, a família ou mesmo a própria violência, seja ela de caráter moral, sexual ou física.

              Esta opressão é reproduzida também na universidade, basta olharmos a composição dos cursos, os quais são divididos entre cursos de meninas – pedagogia, letras, dança enfermagem – e cursos de meninos – as engenharias, por exemplo. Isso sem contar a dificuldade para as estudantes mães que não tem garantia de políticas de permanência estudantil e a dificuldade de vagas em creche. Como se não bastasse, há ainda os processos cada vez mais machistas para as políticas de permanência, como a preferência para mulheres casadas nos estúdios e, mais recentemente, a expulsão das mães com filhos maiores de sete anos da Moradia.

     Um outro ponto importante para o debate sobre as mulheres é a falta de autonomia da mulher sobre seu corpo; naturaliza-se que ser mãe é uma obrigação de toda mulher. Defendemos que haja educação sexual para que as mulheres possam decidir quando engravidar, contraceptivos para prevenir e aborto seguro para que não morram em caso de gravidez indesejada. Por isso, é de extrema importância que lutemos pela Legalização do Aborto Já! Atualmente, esta pauta vem sendo criminalizada de diferentes modos; seja através da punição das mulheres que fizeram aborto, com a CPI do aborto, seja através da aprovação da Concordata Brasil Vaticano, que submete o legislativo às normas da Igreja Católica.

    Para combater a violência contra as mulheres é preciso garantir melhoria na iluminação do campus, contratação via concurso público dos seguranças, treinamento dos mesmos para esses casos e mais verbas para as políticas públicas voltadas à mulher. Em 2007, Lula retirou 30% da verba destinada à Lei Maria da Penha e, neste período de crise, as políticas públicas voltadas para a mulher são as que apresentam um dos maiores números de corte. É preciso aumentar o número de casas abrigo e de delegacias especializadas, que fiquem abertas durante 24 horas.

    O movimento estudantil não está isento dessas contradições e é permeado pelo machismo. Devemos combater duramente cada expressão disso no cotidiano da nossa luta e estimular que as companheiras rompam essas barreiras e ocupem esses espaços, principalmente na direção do movimento.

“Nada causa mais horror à ordem do que mulheres que lutam e sonham!” (José Martí)

 

 

 Assinam esta contribuição:

Thalita Cristina de Souza Cruz – Letras 07

Larissa Lisboa – Letras 06

Nara Fabiana Mariano – Enfermagem 04

Kamila Belo – Enfermagem 07

Ana Paula L. de Jesus “Anita” – Lingüística 09

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O campo DOMÍNIO PÚBLICO tem compromisso do com a defesa da educação pública, gratuita, de qualidade e presencial, como um direito que deve ser garantido para toda a população. Acredita que o Movimento Estudantil precisa estar em constante sintonia com os trabalhadores em sua luta geral, defendendo seus direitos que estão sendo retirados pelos sucessivos governos neoliberais, processo ainda mais acentuado neste momento de crise.

    Estamos presentes em universidades como USP, Unicamp e Uniso, lutando contra o Reuni, o Prouni, a Univesp e a Uab, no combate às opressões e em defesa dos movimentos sociais.Neste ano, participamos do 8º CONUEE-SP, do 51º CONUNE, da jornada de luta comemorativa dos 25 anos do MST e muita da II Semana de Movimentos Sociais da Unicamp (organizada pelo DCE e centros acadêmicos), do 9º Congresso dos Estudantes da Unicamp, dentre outras.

 

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