movimento estudantil

Contribuição sobre esporte ao 9º congresso de estudantes da Unicamp

11/09/2009 13:12

    O esporte surge em meados do séc. XIII, no seio da revolução industrial e toma de assalto o mundo da cultura corporal de movimento, tornando-se sua expressão hegemônica, ou seja, a cultura corporal de movimento esportivizou- se, com isso, princípios que passaram a reger a sociedade capitalista, acabaram sendo incorporados pelo esporte.

    O ideário hegemônico atual trata a cultural corporal e, conseqüentemente, o esporte, enquanto uma mercadoria, como mais uma possibilidade de mercado. Para tanto, enfatiza-se o esporte espetáculo, em detrimento do esporte enquanto uma prática corporal do tempo de lazer, possibilitando apenas a participação direta de poucos e um intenso processo de mercantilizaçã o dos processos esportivos. Esse fenômeno cria heróis, modismos, concentra investimento em regiões específicas e dá ênfase a poucas modalidades midiáticas, como o futebol.

    Apesar de a constituição de 1988 afirmar o esporte e o lazer enquanto direitos sociais, as políticas governamentais têm servido principalmente de incentivo ao alto rendimento. Sob o argumento da responsabilidade social e de apelo ao voluntariado, ainda existem políticas de esporte e lazer compensatórias, que serviriam quase que milagrosamente para afastar os jovens das drogas e da rua. Ou seja, a concepção predominante nas políticas públicas tem sido o rendimento ou a compensação, caracterizando uma abordagem funcionalista do esporte e lazer, que não preza pelo entendimento desse espaço como privilegiado para a educação e para a emancipação.

    As políticas do governo Lula para o esporte têm seguido essa lógica, através das parcerias público-privadas. Essa lógica, ao mesmo tempo em que corrobora com a concepção de Estado minimizado para os direitos sociais, contribui para a utilização de eventos esportivos como espaço de lavagem de dinheiro e corrupção. Exemplo claro dessa política é a lei de incentivo ao Esporte (nº 11.438/06), promove o “incentivo a patrocínios e doações” para a realização de projetos esportivos, ao invés de proporcionar financiamento público para os mesmos.

    A Timemania, decreto nº 6.187/07, é mais um exemplo disso. Estabelece uma loteria utilizada para que os clubes de futebol profissionais paguem suas dívidas com a Previdência Social e a Receita Federal. É conveniente ressaltar que desde a divulgação da proposta do governo federal em criar a Timemania, a sonegação fiscal cresceu. Isso porque no período de 2005 até 2007, os clubes de futebol tinham certeza de que poderiam, até a assinatura presidencial, simplesmente não pagar suas dívidas sem prejuízos nos acordos.

Por fim, consideramos importante o debate crítico a cerca do esporte, voltar a ser pautado no movimento estudantil da Unicamp, e que seja debatido nos marcos da cultura corporal, para que esse avance do senso comum imposto pelos valores hegemônicos da nossa sociedade.

Futebol

O futebol, enquanto “paixão nacional”, atrai milhões jovens para a sua prática. A falsa idéia de trampolim social a partir dessa profissão, faz com que estes dediquem todo o tempo de sua infância e adolescência para a prática deste esporte, muitas vezes abandonando até a escola. E como a maioria destes não conseguirá tornar se um profissional do espetáculo da bola, o futebol acaba jogando uma grande porção de jovens numa futura marginalidade, sem educação, sem  outra profissão, sem nenhuma garantia.

Foi recém aprovado na Alesp o projeto de autoria do deputado estadual Raul Marcelo que obriga os clubes de futebol a garantirem a matrícula no ensino básico de todos os atletas que participam de competições organizadas pela Federação Paulista de Futebol, tendo a responsabilidade de zelar pela freqüência e aproveitamento escolar desses atletas. Consideramos importante o 9º CEU se colocar a favor de medidas como essa, que vão de encontro à concepção hegemônica de esporte.

 

Assinam esta contribuição:

FCA – Ciência do Esporte

Reginaldo Siqueira 09

FEF

Bruno Carvalho 09

Bruno Modesto 07

Carlos Eduardo da Silva 09

Dani Medeiros 09

Dolores Setúval Assarotti 07

Luiz (Fósforo) Quadros 09

Marcela Dinelli 08

Marcos Vinícius 09

Matheus (Bugre) 09

Rafael (Divino) Augusto 07

Renan Almeida 04

Willian Gabriel 09

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    Estamos presentes em universidades como USP, Unicamp e Uniso, lutando contra o Reuni, o Prouni, a Univesp e a Uab, no combate às opressões e em defesa dos movimentos sociais.Neste ano, participamos do 8º CONUEE-SP, do 51º CONUNE, da jornada de luta comemorativa dos 25 anos do MST e muita da II Semana de Movimentos Sociais da Unicamp (organizada pelo DCE e centros acadêmicos), do 9º Congresso dos Estudantes da Unicamp, dentre outras.

 

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